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A mostrar mensagens de abril, 2016

Nutrir a alma

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Num ímpeto ergo-me do colchão amargurado, não pelo peso, sim pelas angústias que nele são depositadas sem licença. Faz poucos meses que tomei a dignidade de o sobressaltar, não que não tenha dignidade para me deitar em qualquer colchão, salvo seja esse qualquer colchão, mas porque infortunadamente carrega uma alma. Uma alma quase verdadeira quanto curiosa que está desperta para o mundo. Passam carros de hora a hora, nesta madrugada onde espreita a brisa de verão, intrometida por meados de primavera. Em silêncio contundente abeiro-me à janela do quarto. Corro a cortina, com padrão pueril e transparente de vida, abro a persina ruidosa, descerro a janela e acerco-me da rua. Não sei quanto tempo passa, só o suficiente para dar conta de cada luz a apagar-se do outro lado da estrada. Do vizinho de cima a dar sinais de vida humana na sua versão mais profana, tendo a sorte de não ser o aspirador a trabalhar. Salve-se o génesis da questão. Respiro o ar quente que circula na cale, ansiando