Cidadã do mundo


Chegamos a um ponto da vida que interrogamos a rotina, com enfoque no nosso destino. Questionamos e perspetivamos o que nos espera. O que faremos depois de concluirmos o curso. O que nos imaginamos a trabalhar daqui a dez anos. Decaem as preocupações em torno do que vestimos amanhã ou, até, da cor que pintamos as unhas esta semana. Reserva-se lugar, com direito a guardanapos de pano e copos vistosos, para o questionamento do que será o nosso trajeto daqui em diante. É nestes ensejos, assombrosos e admiráveis, que somos soqueteados no estômago, apedrejados na consciência, aniquilados nos valores. Percebemos que, mais do que a consternação do batom durar doze horas seguidas sem precisar de ser retocado, há um mundo à nossa espera. Da nossa ação, da nossa vivacidade, da nossa criatividade, do nosso desejo de conquista. Para isso, há visões que nos mudam. Há experiências que nos despertam. Há corações, como o meu, que ambicionam dar. Dar muito. Sem ficar à espera de troco. Bem, só se sorrisos felizes, de corpos amargurados, não forem contabilizados no recibo. E é deste coração, cheio de adrenalina, de partir para o mundo e fazer a diferença, que vou dedicar ao espaço de debate.
Quando abdicamos, no nosso dia-a-dia, da inquietação desmedida com o que o vizinho pensa de nós e do colega que nos respondeu às avessas, procurando vingança, e nos centramos na entrega para o mundo de todo o amor, carinho, ação e atenção que temos, entramos, efetivamente, num estado de auge e êxtase. Um clímax de coração cheio, mente cumprida. Assemelha-se ao orgasmo perfeito. E tão bom que ele é. Completa-nos. Preenche-nos. De facto, não podemos mudar o mundo, mas poderemos desencantar sorrisos, mudar vidas, partilhar abraços, ensinar o sorriso verdadeiro.
Quando me perguntam o que quero ser, eu digo assertivamente: quero mudar o mundo. Não estarei louca quando o afirmo. Muito menos insana quando o encaro. Quero entregar o que de mais belo a vida me presenteou, a quem a vida não contemplou. Não é uma missão de todos, não é uma prioridade universal... Todavia, sei, tão bem que sei, que a minha missão de vida é abrilhantar o sorriso de quem só tem lamentos infortúnios. Seja porque vias forem, eu procurarei ser uma cidadã do mundo. Com coração desmesurado, consciência realizada, sorriso avassalador.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Inconsistência assertiva

Fode-me e consome-me

Espero-te no porto