Noite

Um feixe de luz iluminou o bungalow. Abri os olhos, ainda cansados da noite anterior. Voltei a cerrá-los involuntariamente. A luz era um obstáculo. Reabri os olhos. Senti que estavam a ser bombardeados com flechas esmagadoras. Voltei a fechar num movimento resumido. Movi-me no sofá quente. Pus a mão na testa. Senti suor a escorrer-me pelo corpo. Senti alguém a meu lado. Por momentos senti calafrios pelo corpo. Pequenos formigueiros a surgirem-me. O medo a assustar-me redondamente. Afastei esses pensamentos e essas sensações. Ergui o braço e tentei tapar a luz com a mão, para conseguir abrir os olhos e ver quem me estava a abraçar. Senti o seu braço quente. Olhei, reparei que era ELE. Senti-me segura. João estava lá. Perdi o medo. Sorri. Beijei-lhe a testa suavemente para não o acordar. Fechei os olhos. Senti-o a mexer-se. Senti que ele acordara, não era minha intenção. Percebi que estava a ser olhada por ele. Não quis reabrir os olhos. Gostei daquela sensação. Senti o meu íntimo a pestanejar de emoção. Caiu uma lágrima inesperada. Não a pensei antes de a derramar. Ele, com a sua mão quente, limpou-me o rosto. Sorri. Beijou-me. Sorri. Os nossos corações estavam em sobressalto. Faziam movimentos bruscos. Demoraram até estabilizar. Pararam. De súbito, o feixe de luz perdeu-se. Adormecemos tranquilamente.

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