Obrigada, para sempre

     Aquele relógio não pára... nunca parou! Tem pilhas vitalícias. (É) horrível esta sensação que surge no meu interior. Está pregado naquela parede feia, feita com frágeis e soltas pinceladas. A tinta escorreu rapidamente com o choque tremendo. O susto alastrou e o alarme chegou. Precisava de amor e carinho!
     Falta pouquíssimo tempo para ultrapassar um obstáculo da minha vida. Sim, eu, eu mesma. Um "eu" afrouxado, não o "eu" presente, mas o "eu" imaginário... talvez. O tempo é como um rio. Corre sem parar, tal como aquele relógio que dita as horas não parou. É neste preciso instante que tomo consciência de mim. Ainda há meses sofria amargamente, porque este ensejo tardava a chegar e, agora, (finalmente!) chegou. O nervosismo aperta, aperta, aperta... Adoro-o. Irei continuar a ser eu mesma, contudo, com uma outra pessoa dentro de mim. Não outro ser que respira, mas sim, um ser evoluído da básica e ingénua pessoa que habitava em mim. O orgulho vai invadir-me em pleno. Obrigada. Agradeço tudo o que cresci. Agradeço todas as discussões que tive com o considerado meu mais-que-tudo. Ele, sim, conseguiu abrir o meu corpo a este mundo nada ingénuo. Tanto que levei na cabeça, tanta mágoa, tanto rancor desnecessário. As palavras para ele são difíceis de ser pronunciadas letra-a-letra, ditongo-a-ditongo. A responsabilidade dele mata-me. Obrigada, aprendi muito contigo! Custa-me não te ver passados dois ou três dias e moras aqui, aqui mesmo. Junto ao meu coração? Sempre. Mas aqui, aqui mesmo.
     Gosto muito de ti, apesar da distância evidente entre os nossos dois mundos, entre as nossas duas visões, entre os nossos seres fortuitos do mesmo ventre.
     Mais uma vez, um ternurento obrigada.

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